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12 de Setembro de 2024
Foto: Freepik
A saúde mental nunca esteve tão em pauta como agora, e os números mostram um cenário preocupante no Brasil. O país ocupa o quarto lugar entre os piores índices de saúde mental em um ranking global, divulgado em março de 2024, que analisou as emoções das pessoas em 71 países.
O relatório anual "Estado Mental do Mundo" coloca o Brasil atrás apenas da África do Sul, Reino Unido e Uzbequistão. Além disso, o país se destaca negativamente como o terceiro mais estressado.
O tema é especialmente grave entre os jovens: metade de todas as condições de saúde mental surge até os 14 anos, mas a maioria dos casos continua sem diagnóstico ou tratamento e se estende para a idade adulta. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), os transtornos mentais representam 16% da carga global de doenças e lesões em pessoas de 10 a 19 anos.
"Os quadros mentais mais comuns, que podem assumir proporções alarmantes, se não forem devidamente diagnosticadas e tratados, incluem depressão, ansiedade, transtorno bipolar, abuso ou dependência de substâncias psicoativas, transtornos de personalidade e esquizofrenia", afirma o Dr. Rodrigo Lancelote Alberto, psiquiatra do CEJAM.
No ano passado, pela primeira vez no Brasil, os registros de ansiedade entre crianças e jovens superaram os de adultos, conforme análise de dados da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do SUS, realizada pela Folha, entre o período de 2013 a 2023.
"Na adolescência, devido ao desenvolvimento em curso, a habilidade para lidar com um transtorno psiquiátrico pode ser comprometida. Isso resulta em dificuldades de adesão ao tratamento, seja ele medicamentoso ou não, impactando diversos aspectos da vida do jovem. Em casos mais intensos, pode levar a um nível de sofrimento psíquico insuportável", declara o médico.
A falta de suporte familiar, social e de saúde pode agravar ainda mais a situação, deixando, muitas vezes, o adolescente sem recursos para enfrentar possíveis crises, o que, em alguns casos, pode resultar em atitudes extremas. De acordo com a OPAS, o suicídio é a terceira principal causa de morte entre adolescentes de 15 a 19 anos.
"A impulsividade, característica dessa fase da vida, aliada a poucas experiências, reduz a capacidade de resiliência e aceitação. Contudo, é nesse período que se inicia uma maior exposição social, são feitas escolhas importantes, enfrentam-se conflitos e ocorrem mudanças corporais e fisiológicas. Todos esses fatores, somados à desesperança e ao surgimento de transtornos mentais, representam riscos significativos se não forem cuidadosamente observados", complementa a Dra. Ivete Gianfaldoni Gattas, psiquiatra do CEJAM, especialista em Psiquiatria da Infância e da Adolescência.
A médica enfatiza a importância do envolvimento ativo da família e de outras pessoas próximas aos adolescentes, como professores, amigos e parceiros, na identificação e manejo dos sinais de transtornos mentais.
“Entender o que se passa com o adolescente, saber que tipo de transtorno ele está enfrentando e ser afetuoso e presente nesse momento são formas essenciais de cuidado. Ajudá-lo com a administração dos medicamentos, mantendo-os seguros e longes, e estimular o acompanhamento psicoterapêutico são fundamentais para o sucesso do tratamento."
Mas, antes de tudo, é crucial buscar ajuda de profissionais qualificados para o diagnóstico e tratamento adequados. Psiquiatras da infância e adolescência e psicólogos especializados são aliados importantes na recuperação.
"A minha orientação para os pais e responsáveis por um adolescente em conflito é clara: não minimize ou compare o sofrimento dele. Lembre-se de que ele está em uma fase vulnerável do desenvolvimento e com recursos limitados para enfrentar questões complexas. Seja para ele o amigo que você gostaria de ter tido nessa etapa da vida", conclui a especialista.
Fonte: Comunicação, Marketing e Relacionamento
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