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06 de Janeiro de 2015
Um grupo formado por deficientes visuais teve a oportunidade de conduzir um barco a vela em Bertioga, no litoral de São Paulo, por meio de um projeto inédito. Com o tato e a audição, eles aprendem, por meio do (Verlejando), a reconhecer as partes de um barco a vela e a saber conduzí-lo, sentindo o prazer da liberdade e do balanço de uma vida em alto mar.
O (Verlejando) foi criado pelo diretor de Acessibilidade e Inclusão da Prefeitura de Bertioga, o professor José Augusto Coelho Filho. (Há muito tempo eu tenho feito o velejo passivo, que o cego ou deficiente entra no barco e ele veleja como passageiro. No velejo ativo para cegos, o deficiente veleja como tripulante), explica ele.
Antes de entrar na água, os deficientes visuais fazem a leitura tátil da embarcação, reconhecendo as partes do barco e recebendo uma orientação do professor. No mar, um deles comanda a vela da frente, o outro fica na vela principal e um terceiro assume o leme. O professor vai como um orientador técnico e é o único a enxergar dentro do barco. Augusto explica que o barco não é adaptado. Segundo ele, o importante é trabalhar com os outros sentidos dos cegos. (Eles reconhecem pelo ouvido o barulho que o mar faz no raso e que faz no fundo. Eles se localizam pelo tato também. Eles têm uma sensibilidade tátil aguçada. Quando o mar estiver com mais ondas, eles percebem pelo balanço do mar, pelo tipo de ondulação, coisa que nós, como usamos muito a visão, não temos muita capacidade de observar), explicou.
Deficiente fala sobre a experiência após comandar barco a vela (Foto: Mariane Rossi/G1)
Deficiente fala sobre a experiência após comandar
barco a vela (Foto: Mariane Rossi/G1)
Após a experiência, os deficientes visuais ficaram radiantes. Monica Leal de Jesus é de Goiânia, veio visitar Bertioga e participou do Verlejando. (Eu gosto muito da água. Gosto de emoções mais fortes. Foi muito bom. O mar estava um pouco mais agitado. Foi emocionante. A sensação é muito boa, vem o vento, a água, é uma plenitude, uma imensidão mesmo. Foi muito gostoso), disse. Segundo ela, o professor orienta muito bem os alunos e a atividade é segura.
Já o analista de suporte André Rezende Marques, de São Paulo, comenta que pôde ter uma integração com a natureza ao velejar. (Sentir o vento sendo o motor e nós conduzindo um barquinho tão pequeno na imensidão do mar é muito gostoso. É muito prazeroso. É sensação de bem estar com Deus e com a natureza), disse ele.
O Verlejando trouxe uma experiência diferente e positiva não apenas para os deficientes visuais. Mas, também, para o professor que passou a enxergar o esporte de outra forma. (Depois que eu dei aula para o primeiro casal de cegos, com velejo ativo, o meu modo de velejar mudou. Antes, eu usava só usava o visual. Eu passei a usar mais o tátil, a sentir com o corpo o comportamento do barco), falou Augusto.
Para o professor, o barco a vela é um dos esportes mais inclusivos que existe. (Se você for gordo, tem barco, se for magro, tem barco, se for alto, baixo, novo, velho, tem barco que exige mais força física ou menos força física. O barco a vela tem muitas variáveis e emociona muito. Apaixona muito porque ele mexe não só com o físico, mas com o intelectual também), finalizou Augusto.
Fonte: Deficiente onLine
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