As pessoas veem muito o atleta paralímpico como alguém que tem deficiência e quer fazer esporte. Não é isso. Eu penso que é um atleta com lesão, por isso é separado em categoria. Teremos uma grande chance, será um evento acessível. Com uma campanha mais forte, dá para colocar mais gente lá dentro. Em Londres-2012, conseguiram tirar essa barreira de olímpico e paralímpico. Quem sabe não conseguimos aqui?, afirmou a velocista Verônica Hipólito.
Uma das grandes dificuldades para os atletas é obter patrocínio ou até mesmo apoio federal. Enquanto o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) conseguiu R$ 200 milhões de repasses da Lei Agnelo/Piva (arrecadação das loterias federais), o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) ficou com R$ 40 milhões em 2015. Menos mal que, para 2016, essa divisão de 85% contra 15% será menor (62,96% a 37,04%) e, com a sanção da Lei de Inclusão, permitirá arrecadação de R$ 120 milhões ao CPB.
(Somos alto rendimento, ficamos em sétimo lugar na Paralimpíada, isso é uma potência no esporte! Muitos ainda nos veem como pessoas com deficiência e batalhamos todo dia para mudar isso. Tem que olhar a medalha, o suor, a dor, o resultado. Depois, se quiser complementar, fala o que a gente teve), desabafou Verônica.
E completou: (Tive que acompanhar pela Internet o Mundial de Paratletismo. Isso magoa e atrapalha. Quando tem visibilidade, as empresas percebem que você pode ir adiante com mais apoio).
Nem mesmo o desempenho muito superior nos Jogos Paralímpicos em relação aos Olímpicos foi capaz de mudar o panorama ou facilitar a busca por patrocinadores.
(A luta foi muito grande até conquistar o primeiro patrocinador e continua dia a dia para que as pessoas se interessem em nos apoiar. O segredo é não desistir nunca), revelou o fundista Odair Santos, dono de sete medalhas paralímpicas (três de prata e quatro de bronze) em Atenas-2004, Pequim-2008 e Londres-2012.
Com muito a aprender e a desenvolver, o Brasil terá uma chance de ouro em 2016. O processo não será dos mais fáceis, mas superar as dificuldades é algo que os paratletas conhecem bem.
(O esporte paralímpico tem que mostrar que, além de superatletas, somos super-humanos que superamos a adversidade física e do dia a dia para conquistar um objetivo. Temos que criar nosso espaço e é possível porque são histórias muito fortes, duras, pesadas. Há coisas fantásticas de pessoas que deram a volta por cima. Esse é o caminho. A deficiência é algo novo nos olhos da sociedade e temos o papel de quebrar essa barreira do que é incapacidade e deficiência física), ressaltou Fernando Fernandes, da paracanoagem.
Além de enfrentar a barreira do preconceito, a próxima Paralimpíada é encarada como a chance de servir de exemplo e desenvolver ainda mais os esportes.
(Podemos incentivar crianças e pessoas que estão em casa desacreditadas. A partir do momento em que observarem as competições e o nosso desempenho, elas podem mudar o pensamento e, quem sabe, começar a praticar um esporte paralímpico), acrescentou Odair.
Fonte: odia.ig.com.br