Em vez dos ombros largos e da envergadura de um Michael Phelps, imagens subaquáticas mostram um atleta em ação na piscina sem parte do braço e da perna. Fotos do nadador Paralímpicos e multicampeão Daniel Dias, que podem chocar quem não está acostumado, fazem parte da exposição aberta na manhã desta quarta-feira no quiosque da TV Globo, na praia de Copacabana, para marcar os 20 anos do Comitê Paralimpico Brasileiro (CPB). Na ocasião, Ayrton Senna foi anunciado oficialmente embaixador (in memorian) da entidade. Um capacete do tricampeão de Fórmula 1 também ficará exposto até o próximo domingo, dia 13.
Essas fotos são um marco. (É muito gratificante ver corpos quase nus e com a deficiênciaà mostra).
Essas fotos são um marco. É muito gratificante ver corpos quase nus e com a deficiênciaà mostra. Eu não sei se elas chocam, mas é bom ter essa troca cultural. Por que nas Olimpíadas a câmera mostra a prova por baixo da água, e nas Paraolimpíadas ofusca isso? Para mim não é feio ver o Daniel Dias, nem eu, apesar de uma perna minha ser mais fina que a outra (risos) - disse André, dono de sete medalhas no Parapan de Toronto, sendo seis de ouro.
Com 20 anos de carreira, sendo boa parte no jornal (O Estado de S.Paulo), Roriz trabalhou pela primeira vez com esporte Paralímpicos e que ampliou o discurso de André Brasil.
Me surpreendi com a disposição deles dentro da água. Confesso que fiquei com medo das imagens terem ficado um pouco fortes para quem não está acostumado. Mas vi que não. Antes do Parapan eu não estava acostumado. Imagens como essa podem mudar a mentalidade das pessoas, de que eles são coitados - disse.
Presidente do Comitê Paralimpico Internacional (IPC, sigla em inglês), Sir Philip Craven elogiou a evolução do Brasil no quadro de medalhas das Paraolimpíadas - de 37º em Atlanta 1996 a sétimo em Londres 2012. Ele não duvida que a meta traçada para alcançar o quinto lugar no Rio 2016 seja cumprida.
muitas conquistas e um crescimento incrível do CPB. É muito importante ter a equipe do país-sede com resultados importantes. E isso vai acontecer ano que vem - disse Craven.
André Brasil começou a nadar há dez anos, metade da existência do CPB. Ele lembra a fase mais difícil, de seu ídolo Clodoaldo Silva, e torce para que no futuro mais atletas dividam a responsabilidade das vitórias além dele e de Daniel Dias. Junta, a dupla é responsável pela natação ser, ao lado do atletismo, o carro-chefe do Brasil nas Paraolimpíadas de 2016.
- Eu peguei exatamente o processo de crescimento do CPB. O Clodoaldo, que é o meu ídolo no esporte, comeu o pão que o diabo amassou. A gente ficava em alojamentos. A estrutura era muito mais difícil. No Mundial de Natação (este ano) ficamos em um hotel cinco estrelas na Escócia. Ganhamos investimento e credibilidade. Se o Clodoaldo garimpava um grãozinho de ouro, hoje a gente está colhendo pedras maiores, longe de ser uma pedra de ouro, mas abrindo espaço. Hoje temos dois atletas ganhando medalhas, eu e o Daniel, mas estamos abrindo espaço para outros atletas para tirar o peso que a gente carrega. Em Londres foram nove medalhas de ouro na natação só com dois atletas. Isso a gente precisa modificar.
Além das fotos, também estão expostos materiais esportivos de paratletas, como a venda colorida da velocista Terezinha Guilhermina, e uma linha do tempo do movimento Paralímpicos desde 1948. Até o próximo domingo, dia 13, haverá experimentação de modalidades, como bocha, atletismo, futebol de 7, futebol de 5 e vôlei sentado.
Senna foi o primeiro embaixador (in memória) do CPB. Fernanda Lima, Rodrigo Hilbert, Emerson Fittipaldi, Flávio Canto, Luiz Severiano Ribeiro, Romário e Ronaldinho Gaúcho. O programa foi lançado em julho deste ano e busca atrair atenção para o movimento Paralímpicos contando com a imagem dos embaixadores em eventos e em campanhas nas redes sociais.
Fonte: G1.com