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19 de Abril de 2024
Com o avanço da tecnologia e o ritmo acelerado da vida moderna, é comum se deparar com o excesso de informações e uma constante sensação de pressa. Nesse contexto, surgem diversas tendências para simplificar os afazeres do dia a dia, sendo o uso da aceleração em vídeos e áudios uma delas.
A prática é comum entre aqueles que desejam consumir conteúdo de forma mais rápida, seja para assistir aulas, palestras, podcasts, vídeos de entretenimento ou mesmo para ouvir áudios em conversas virtuais. A ideia por trás dessa técnica é simples: aumentar a velocidade de reprodução para que a mensagem seja transmitida mais rapidamente.
À primeira vista, consumir conteúdos dessa forma pode trazer benefícios, como economia de tempo e, até mesmo, o aprimoramento das habilidades cognitivas devido à maior exigência de concentração e atenção. No entanto, manter o hábito de apertar o botão 1,5x ou 2x de maneira desenfreada pode ter consequências diretas e bastante negativas à saúde.
“De maneira geral, a prática pode aumentar os níveis de ansiedade e estresse, principalmente em pessoas com inflexibilidade, padrões de autocobrança excessivas e esquemas de comportamentos desadaptativos”, afirma Emerson Marques, psicólogo da UBS Jardim Valquíria, gerenciada pelo CEJAM - em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.
Com isso, o uso da velocidade aumentada pode contribuir, ainda, para um estado de agitação constante e tensão emocional. Adicionalmente, a rápida sucessão de informações pode sobrecarregar o cérebro, dificultando a absorção e o processamento adequado do conteúdo consumido.
Para quem faz uso do recurso na hora de estudar, os impactos também são nítidos. A habilidade de absorver e reter informações de maneira eficaz acaba sendo comprometida, principalmente quando se trata de conteúdos complexos ou de pouca familiaridade.
“Quando usado com frequência, há a redução do prazer, como, por exemplo, aquela satisfação que temos após finalizar uma atividade. Nesses momentos de estudos, é comum o sentimento de bom aproveitamento do tempo e do conteúdo, e, em muitos casos, essa sensação acaba não existindo, já que o indivíduo passa a ter uma compreensão superficial, sem as reflexões e aprofundamentos necessários”, explica o profissional.
A exposição prolongada pode contribuir no futuro para a diminuição da capacidade de atenção e foco e no desenvolvimento de hábitos impacientes, tornando difícil o envolvimento em atividades que exigem atenção prolongada.
Impactos reais
Em 2017, o Brasil já liderava globalmente em casos de transtornos de ansiedade, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2023, os brasileiros foram os que mais buscaram informações na internet sobre o tema, segundo o Google Trends, acedendo, acendendo um alerta.
Com isso, é fundamental repensar os hábitos digitais e buscar um equilíbrio saudável entre tecnologia e saúde mental. Tratando especificamente da ferramenta de aceleração, o ideal é alternar o uso com períodos de consumo normal, permitindo, assim, que o cérebro processe as informações de forma adequada e evitando sobrecargas cognitivas.
“Não é preciso abolir o uso da aceleração de velocidade, mas usá-la de maneira consciente e quando necessário, não tornando a ferramenta parte obrigatória da rotina digital”, reforça Emerson.
O psicólogo também orienta a incorporar intervalos após o consumo de conteúdos digitais, para reflexões e descanso. “Não só isso, atentar-se aos próprios limites e sinais de estresse ou ansiedade também são importantes para se buscar outras estratégias de autocuidado e preservar o bem-estar emocional.”
Ao adotar uma abordagem mais consciente em relação ao uso das ferramentas disponíveis, é possível construir uma cultura de saúde mental digital, onde o uso da tecnologia seja aliado ao bem-estar, e não uma fonte de problemas.
Com pequenas mudanças, é possível garantir uma relação cada vez mais equilibrada e saudável tanto no ambiente online como no offline. E, o mais importante, desacelerar um pouco.
Fonte: Comunicação, Marketing e Relacionamento
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