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Bem Viver

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16 de Janeiro de 2015

Dr. Alberto Guimarães fala sobre o parto e as medidas adotadas pelo Ministério da Saúde

Dr. Alberto Guimarães é médico, ginecologista e obstetra pela Faculdade de Medicina em Teresópolis e mestre pela Escola Paulista de Medicina, UNIFESP. Entusiasta dos conceitos do parto humanizado acredita que este momento deve ser centrado na mulher, onde ela deve se sentir empoderada e livre para realizar suas escolhas. É coordenador médico do Programa Parto Seguro, que presta assistência humanizada e acolhedora a gestante em oito hospitais da Rede Municipal de Saúde de São Paulo. Uma parceria entre o CEJAM e a Autarquia Hospitalar Municipal.

Qual seu posicionamento em relação às recentes e acaloradas discussões sobre o parto, que resultou em medidas do próprio Ministério da Saúde?

Nos últimos cinquenta anos, houve um exagero ou certa acomodação ao se imaginar o parto como cesárea. De repente, algumas pessoas começaram a reivindicar o direito de parir, o que culminou nesta discussão. Nós, médicos, talvez tenhamos ficado alheios a esta discussão. Criou-se uma ideia de que a hospitalização garantiria a segurança total do procedimento. Mas são recursos que não privilegiaram a natureza e o papel da mulher no nascimento. Que a gestação e o parto podem contribuir para a jornada da mulher.

Qual fator pode ser decisivo para que a mulher escolha o parto natural?

Um aspecto importante é mostrar à mulher o que acontece de fato durante a gravidez, as transformações, as mudanças - como, por exemplo, nas articulações, coluna, bacia – e que isso vai gerar certo desconforto, o que faz parte do próprio processo da gestação. Outro ponto importante é desmistificar o parto em seus dois aspectos. Tanto o lado romantizado e deixar claro que existe sim a contração. Mas também separar a ideia de sofrimento e de dor. Esse processo existe, mas isso não significa necessariamente um sofrimento, uma punição, como se fosse intolerável. A mulher deve entender que pode haver desconforto, mas que ele é tolerável e muitas medidas podem ser tomadas para diminuí-lo, como massagem, a água, a bola de pilates. E, se caso a mulher solicitar analgesia, é importante que possamos oferecer essa analgesia.

O Programa Parto Seguro dispõe de uma equipe multidisciplinar para atuar durante o parto? Qual sua visão sobre isso?

Eu defendo bastante a atuação multiprofissional. A enfermeira obstetriz e a doula, são profissionais que devem estar ao lado da mulher no trabalho de parto. É um aspecto muito importante, até para resgatar que o parto é um evento da mulher. Nas minhas discussões penso muito neste “trio” que pode caminhar junto em busca do parto natural. Já o médico tem um papel importante na verificação da segurança do processo. O parto natural deve ser um parto assistido, onde a mulher está sendo vista. Neste contexto, se tudo estiver evoluindo bem, não é necessário fazer nada.

Que outro aspecto pode ser decisivo para o bom andamento do parto natural?

Outro ponto que defendo é a liberdade da mulher escolher em qual posição ela se sente mais confortável. E que os profissionais estejam treinados para saber que existem outras formas de nascimento. Como, por exemplo, a posição de cócoras, que diminui a chance de intervenção. Ou o parto de lado. Na verdade, a posição deitada de costas na cama com as pernas apoiadas em perneiras pode ser a menos recomendável para se ter o neném, pois ela é passiva.

Na sua opinião, quais serão os resultados de toda essa reflexão sobre o nascimento. Quais mudanças podem acontecer?

O principal resultado é justamente fazer com que se discuta o nascimento. A banalização, principalmente da cesárea com hora marcada, não considerando o inicio do trabalho de parto. Essa discussão é necessária e só vai enriquecer a questão da assistência. Repensar o que está sendo oferecido na saúde pública, o que o profissional envolvido no nascimento está oferecendo para a mulher. Transmitir que a mulher que entende sobre o processo de trabalho de parto terá um comprometimento maior com este filho. Sensibilizar a questão do nascimento. Talvez a gente caminhe para uma discussão dolorosa, pois muitas vezes nós, os médicos, perdemos a capacidade de esperar, de respeitar que o parir é um processo natural. O parto não pode ser definido pela caneta do ministro e nem pelo bisturi do médico.

Como está sendo a experiência do Parto Seguro nos hospitais municipais?

Por meio do Programa Parto Seguro, com base em metas, índices e indicadores, podemos vivenciar uma verdadeira transformação na questão da assistência ao parto, onde a mulher é acolhida, acompanhada pelo parceiro. Quando esse bebê nasce, ele é colocado pele a pele com a mãe, a ligadura tardia do cordão, a amamentação na primeira hora. Temos indicadores que traduzem a melhor assistência que podem ser comparados aos melhores lugares do mundo. Algumas maternidades atendidas pelo Programa tem índices extremamente baixos de cesáreas, sem piorar em nenhum aspecto, a qualidade do nascimento.

Fonte: Luciana Zambuzi - Assessoria de Imprensa CEJAM

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