Idosos e deficientes físicos poderão assistir aos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (JMPI), da área VIP, a partir desta segunda-feira (26). A afirmação foi feita pelo articulador do evento, Marcos Terena, em entrevista concedida à  TV Anhanguera. A decisão foi tomada em reunião realizada na noite de domingo (25). Ele também comentou a reunião realizada entre organizadores e Mistério Público Federal, no último sábado (24) e os problemas ocorridos na programação da noite de deste domingo.

 (A gente fica preocupado. Claro que gostaríamos que as todas as pessoas estivessem aqui dentro [da arena], mas existe um critério de segurança. Por isso que na reunião com a presidência da República, como Ministério do Esporte, a gente apontou uma solução pequena. Nos preocupamos com as pessoas mais velhas, que vem de longe, do interior e com aqueles que tem deficiência física. Então na área chamada VIP, que quase não está sendo usada, vamos esticar um pouquinho a quantidade de pessoas dentro da arena. Talvez possamos atingir em torno de 400 pessoas a mais, que já é 10% da capacidade total), declarou Marcos Terena.

Reunião com MPF
O articulador dos Jogos comentou a reunião realizada entre organizadores do evento e Ministério Público Federal, no último sábado (24). O encontro aconteceu em caráter emergencial para discutir problemas ocorridos durante o evento, como o transporte e a falta de água.

(Claro que sempre há um princípio de tensão, que é normal do ser humano ,como também consideramos que o Ministério Público como aliado principal na defesa dos direitos indígenas e esse bate-papo, essa conversa com o procurador foi importante também para nos orientar, como proceder já que todos os envolvidos tiveram que participar e contar também as suas dificuldades e seus encaminhamentos).

Outro problema apontado pelos indígenas foi a alimentação. (Como eu falei, as empresas não estão preparadas, acostumadas a trabalhar com os indígenas e ao mesmo tempo ninguém sabia a proporção do evento. A alimentação foi um ponto. Elas tiveram que adaptar o cardápio indígena, mas ainda no domingo essa questão foi solucionada).

Programação suspensa
Neste domingo, visitantes que foram à  Vila dos Jogos para acompanhar o evento, reclamaram porque a programação foi encerrada antes do previsto. Não houve a corrida de toras, nem o Desfile Internacional da Beleza Indígena. Além disso, a arena que tem capacidade para receber 5 mil pessoas ficou lotada, e alguns visitantes não puderam entrar, por determinação da Defesa Civil.

Como eu brinco com o público, a programação é de índio. E é verdade, porque são etnias distintas, principalmente com relação aos países que estão aqui participando, que são mais de 20. A gente sempre adapta de acordo com o fuso horário das pessoas e também com a questão do desempenho, da pluralidade, da apresentação cultural. Com o público também vem com aquela ansiedade e encontra aqui uma fila grande para entrar, foi criado um critério de ocupação.

Próximo JMPI
De acordo com Marcos Terena, até quarta-feira (28) deverá ser realizada uma reunião para definir a próxima edição do evento. (Essa semana vamos decidir a criação de um Conselho Mundial dos Povos Indígenas para os jogos. Já acertamos isso com o ministro. O Ministério do Esporte vai apoiar esse momento inicial e decidir também onde serão realizados os próximos Jogos Mundiais. Até quarta-feira a gente decide isso, junto com os indígenas de língua inglesa, de língua francesa, de língua espanhola e também com os indígenas da Rússia).

 (Nós não pretendemos seguir o modelo do Comitê Internacional Olímpico Brasileiro, já que não cabemos dentro desse processo. Vai ser inovador, com equilíbrio social. Homens, mulheres, grupo de anciões, aproximação do atleta com o jovem e também com os articuladores que estarão dirigindo esse processo).

Com a organização de acordo com os conceitos indígenas, Marcos terena espera evitar nos próximos Jogos os problemas ocorridos nessa primeira edição do evento, considerada uma espécie de laboratório.

Resgate da identidade
O articulador do evento agradeceu ao público que tem visitado a Vila dos Jogos. (Gostaria de dizer o quanto é importante a gente poder ser aplaudido. Comunidades que vieram de tão longe e também esperamos estar atendendo a expectativa do público).

Segundo Marco Terena, o evento tem ajudado a resgatar a identidade dos indígenas, sobretudo dos jovens. (Quando lançamos os Jogos Mundiais na ONU, um dos pontos que justificamos que queríamos contribuir para tirar muito indígenas jovens da prostituição, do alcoolismo, do suicídio e das drogas. As vezes a gente sonha que o mundo indígena é um universo muito positivo, mas também corre o risco de ser uma fonte dessa catástrofe social que é o jovem embriagado. Então através dos jogos, da alegria, da força física, do resgate, da preparação, estamos contribuindo para que isso não aconteça nas aldeias. Temos recebido muita reclamação, principalmente da região da Ilha do Bananal, no Tocantins. Nós vamos trabalhar no sentido de promover a afirmação do indígena. Quando ele entra aqui [na arena] e é aplaudido a autoestima volta, o resgate, a ancestralidade e a espiritualidade).

 

 

Fonte: G1.com