Muitas vezes reclamamos de acordar cedo para treinar, da rotina cansativa, do clima e acabamos deixando a preguiça tomar conta. Mas, para alguns atletas não existe tempo ruim, e nem mesmo uma deficiência é capaz de vencê-los.
Segundo o treinador e representante da Achilles International no Brasil (organização sem fins lucrativos para atletas deficientes), Mário Mello, o esportista que tem alguma deficiência precisa batalhar para se adaptar às situações e para isso não há muito segredo. (Talvez esse momento seja o de seu maior desafio na vida. A forma mais simples e objetiva para lidar com estas limitações é o treinamento, com isto ele vai chegar aonde quiser), explica.
Foi o caso do paratleta Jaciel Antonio Paulino, de 41 anos, que ainda na infância perdeu os movimentos das pernas após ser acometido pela poliomielite. Mas, se você pensa que isso o fez desistir de seus sonhos está muito enganado.
No ano de 2009, Jaciel deu um exemplo de superação ao vencer a São Silvestre pouco tempo depois de se acidentar em outra competição. (Na Maratona de Foz do Iguaçu, sofri um acidente a 58 km por hora, onde minha cadeira voou quando passei por uma lombada. Fraturei o braço direito, desmaiei e o que me salvou foi o capacete. Fiquei com gesso e braço imobilizado até a última semana antes da São Silvestre. Sem ter treinado por conta do gesso, conquistei minha segunda vitória nesta prova, foi uma alegria imensa), conta o paratleta.
A corrida ganha cada vez mais adeptos e um dos motivos é que já existem soluções específicas para às necessidades de cada deficiente. No caso da deficiência visual, o esportista corre acompanhado do atleta-guia, já o portador de deficiência nos membros inferiores corre em cadeira de rodas adaptada e o atleta amputado utiliza as próteses. O fato é que para eles os benefícios são inúmeros como a melhoria na qualidade de vida e na sociabilidade.
É o que conta o analista de sistemas Ezequias Prado, de 46 anos, que foi vítima de um assalto e ficou paraplégico há 20 anos. Ele deu a volta por cima, se tornou atleta e atualmente compete na categoria handcycle (bicicleta que se pedala com as mãos).
A experiência esportiva mais marcante do atleta aconteceu no ano de 2009, quando ele realizou a primeira viagem internacional para disputar a Maratona de Berlim. Além de ser benéfica para a saúde, a corrida ajudou na rotina do esportista. (Hoje minha disposição para as tarefas do dia a dia é muito melhor. Outro ponto que vale a pena destacar é que foi praticando esporte que eu conheci países e pessoas diferentes. Tudo isto não tem preço), conta.
Já o atleta cadeirante Ariosvaldo Fernandes da Silva, de 38 anos, perdeu o movimento das pernas ainda quando era criança devidoà poliomielite. Ele teve como maior superação da vida cuidar dos filhos e agora espera participar das Paraolimpíadas de 2016 e conquistar uma medalha. Para isso, o treino é de segunda a sábado e sempre com muito foco e motivação. (Nunca desista na primeira dificuldade. Faça com amor e determinação que você chega lá), finaliza.
Esses são alguns exemplos de como o esporte pode transformar vidas, além da comprovação de que todos nós somos capazes de superar qualquer adversidade. O fundamental é ter força de vontade e contar com o auxilio de um bom treinador. Inspire-se e corra você também atrás das suas metas.
Fonte: Webrun.com.br